Avanço tecnológico, pressão climática e novas demandas dos sistemas produtivos ampliam o espaço do Híbridos de milheto para a produção de grão e silagem.
Por muitos anos, o milheto circulou nas margens do agronegócio brasileiro. Era a “cultura de emergência”: barata, rústica e utilizada apenas quando o clima apertava ou quando o planejamento falhava. Essa imagem, porém, começou a se desfazer. O que antes era considerado um recurso improvisado passou a ocupar espaço estratégico e, em várias regiões, consolidou-se como uma das culturas mais estáveis da 2ª safra.
Essa transformação não é casual. Os últimos dez anos redesenharam a dinâmica da safrinha: janelas de plantio cada vez mais curtas, chuvas irregulares, veranicos mais longos e solos pressionados por sistemas intensivos. Quando o milho passou a enfrentar riscos agronômicos mais altos, o milheto emergiu como alternativa capaz de entregar produtividade em cenários adversos, reconstruir o sistema produtivo e oferecer previsibilidade ao produtor.
Clima apertado, janelas curtas: o ponto de inflexão
A temporada atual reforça essa percepção. Em estados como Goiás, Mato Grosso do Sul e oeste da Bahia, janeiro e fevereiro registraram precipitações muito abaixo da média histórica.
Nessas condições, culturas dependentes de maior volume hídrico se tornaram apostas arriscadas. O milheto, por outro lado, opera em outra lógica: exige cerca de 300 mm no ciclo, tolera veranicos severos e mantém estabilidade produtiva onde outras gramíneas oscilam. Essa combinação levou muitos produtores antes reticentes a incorporar o milheto ao planejamento, não mais como solução de emergência, mas como ferramenta técnica integrante do sistema.
Da cultura secundária ao melhoramento dedicado para a produção de grãos
A evolução recente do milheto no Brasil está diretamente ligada ao surgimento de programas de melhoramento genético específicos para a cultura. Um dos movimentos decisivos foi a estruturação da BAM — Bonamigo ATTO Melhoramento, que consolidou protocolos próprios para ambientes tropicais.
A cada ano, mais de 4.500 híbridos são avaliados sob condições que simulam a realidade do produtor: ambientes de estresse hídrico, alta pressão de doenças, variação de manejo e diferentes tipos de solos.
Destacam-se os híbridos graníferos ADRG 9060 e ADRG 9070, que vêm registrando produtividades acima de 40 sc/ha nesta safra, tendo atingido até 80sc/ha em pivô na Bahia. Em regiões onde a safrinha tem sido instável, esses materiais se consolidaram justamente por não dependerem de “anos bons” para performar.
O grão do milheto tem alta liquidez e qualidade, sendo altamente demandado para consumo animal, especialmente para granjas de aves.
Palhada, solo e nematoides: a outra metade da equação
Se o grão abriu caminho, foi o solo que consolidou a permanência do milheto. A cultura reúne atributos agronômicos que dialogam diretamente com desafios recorrentes nas fazendas brasileiras:
- alta produção de palhada, essencial para o plantio direto;
- melhora da infiltração de água e redução do escorrimento superficial;
- aporte de matéria orgânica em áreas desgastadas;
- redução de nematoides, especialmente Pratylenchus brachyurus;
- descompressão radicular em solos compactados.
Em áreas com histórico consolidado de uso, pesquisas independentes mostram incrementos de 3,5 até 12 sc/ha na soja subsequente, quando comparadas a sistemas sem cobertura equivalente. Esse efeito sistêmico explica por que a cultura deixou de ser tratada como “custo da safrinha” e passou a integrar a conta da eficiência produtiva.
ILP, consórcio e o retorno da braquiária
O avanço da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) também impulsionou a expansão do milheto. O consórcio entre Híbrido de milheto e braquiária, tem se destacado por combinar formação rápida de massa, cobertura uniforme e excelente base para pastagens temporárias.
Esse modelo ampliou o papel do milheto dentro das fazendas. Hoje, ele:
- produz grão na safrinha;
- reconstrói o solo;
- fortalece o plantio direto;
- prepara a base para a safra seguinte.
Trata-se de um sistema inteligente que melhora o solo e se paga com a produção de grãos do milheto.
Silagem: o salto dos híbridos forrageiros
O avanço mais expressivo na pecuária veio com o desenvolvimento de híbridos forrageiros dedicados à silagem. Um destaque é o Valente ADRF 6010, que redefiniu a percepção do milheto para silagem.
Com alta produção de massa seca, boa digestibilidade e forte tolerância ao estresse hídrico, o Valente ampliou a presença do milheto em sistemas intensivos de gado de corte e leite. Em anos em que o milho para silagem se tornou mais caro, mais arriscado ou menos previsível, o híbrido de milheto entrega regularidade.
Com excelente análise bromatológica, apresentando cerca de 29,1% de CNF, 59,6 de NDT e 10,1% de proteína, além de alta produção de massa, o híbrido de milheto forrageiro apresenta-se como boa alternativa ao milho, entregando um custo por tonelada de matéria seca R$152,71 abaixo do milho.
Outro diferencial relevante é a ampla janela de corte, que permite flexibilidade operacional e reduz perdas, aumentando a previsibilidade da nutrição animal.
Um ecossistema produtivo e não mais uma cultura isolada
Somando híbridos graníferos e forrageiros, o milheto consolidou seu espaço como uma cultura estratégica dos sistemas tropicais.
- reduz riscos da 2ª safra;
- gera palhada de qualidade;
- fortalece ILP;
- reconstrói perfis de solo degradados;
- diminui a pressão de P. brachyurus;
- alimenta confinamentos com volumoso competitivo;
- contribui para elevar o teto produtivo da soja.
Em um agro pressionado por clima, custos e necessidade de eficiência por hectare, o milheto ganhou relevância justamente por entregar o que o produtor mais busca: previsibilidade.
Olhando adiante
A aposta estratégica da ATTO Sementes nessa cultura, desde os anos 2000, com pesquisa, melhoramento dedicado e programas de segurança como o PROTEGE, antecipou um movimento que o mercado só agora enxerga com clareza:
o milheto não é mais uma cultura de emergência; é uma cultura de futuro.
À medida que a tropicalização avança, a pergunta deixa de ser “o que plantar quando o milho não vai” e passa a ser “como planejar a 2ª safra com mais eficiência”.
Nesse novo contexto, o milheto se tornou peça-chave não por conveniência, mas por evidência agronômica.
Porque, no agro brasileiro, quem vence não é quem aposta, é quem se prepara.
E o milheto, quando bem manejado, é exatamente isso: preparo, resiliência e sistema.
“Milheto é nossa cultura”, afirma com orgulho o Diretor Comercial da ATTO Sementes Juca Matielo. “Desde 2003 trabalhamos no melhoramento da cultura com a BAM para entregar ao produtor, uma alternativa segura para a janela de risco da 2ª safra”.
Assessoria de Imprensa: PG1




